domingo, dezembro 30, 2007

Calor friorento

Ando assim
a mil
quase parando
de calor friorento
de pensamentos contraditórios
todo dia é dia de vida
e o pensamento
na morte...

Olho pessoas queridas
como me despedindo,
fico sentindo amor,
saudades da minha irmã.

Quando fico só
saio
caio
quase desapareço
dias de desapego
olhar longínguo.

Quero praia
dançar
rir sair com os amigos
beber uma cerva gelada
uma taça de vinho tinto seco num dia chuvoso

sonhos: uma janela se abrindo e a claridade entrando.

domingo, dezembro 16, 2007

PIGMENTOS


Tempo, amigo oculto, desapercebido nos instantes pensantes nas corriqueirices da vida...
Procuro pelo tempero picante da vida que pretende incendiar meu peito num único e último suspiro.
Mergulho a distancia no mar que outrora fora tão familiar, o vento já levara para longe as pegadas nas areias brancas que já caminhei.
Pigmentos me confundem, perco a direção no azul, o amarelo ofusca meu olhar e me afogo no vermelho latejante... lentamente...
A dor do lado esquerdo suaviza de mais uma pneumonia, e, aliada, tento me libertar do que mais me preenche de liberdades "divinas".
Qual será o sentido disso tudo? Não haver? Não sentir? Se esconder?


Palpitações de um sonhador perdido em si mesmo.

segunda-feira, dezembro 03, 2007





LA LUNA
OTRO DIA CONDUZ
CON TU CALIDA BELEZA
OCULTA EN LA ESCURIDÃO

terça-feira, novembro 06, 2007

Navegante

Navego em mares desconhecidos,
Provoco maremotos, giro com o redemoinho...
Para mim o limite é algo a ser inventado a cada dia,
a cada olhar, a cada toque.
Perfuro olhares desconcertantes, descubro o outro dentro de mim.
Levanto e me deparo com mais um dia chuvoso,
com a calmaria do sonho que não tive.
A poesia que não escrevo,
engasgada,
cuspida pelo asfalto dos dias frios,
no menino sem cobertor,
pensamento atormentado pelo que não é feito todos os dias,
por todas as pessoas desabrigadas de si mesmas...

sexta-feira, novembro 02, 2007

Apropriação: Poesia Manoel de Barros

O Apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto de palavras
Fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que as dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

(MANOEL DE BARROS, EM "Memórias Inventadas - A infância")

quinta-feira, outubro 04, 2007

Are you social - liberal?




Desemprego

Mutilação social

NUDEZ

Dignidade translocada

MERCADORIA

Ontologia x Individualismo

LIBERDADE ENCLAUSURADA

Sociedade do espetáculo

TV/NOVELA

Privatização do imaginário

SUCESSO-----------DERROTA

Dicotomia equivocada

ESTERELIDADE POSITIVISTA

BBBola pra frente Brazil!!!

domingo, setembro 23, 2007

DESAFINO

Desafino a madrugada
com os olhos esbugalhados
de quem tem algo a dizer
A melodia dos surdos
vem da alma
O vento que bate faz sentir
diferente o que não se sabe
com palavras
O acaso cruza
desfazendo sentidos

sábado, setembro 15, 2007

Procuro-me...
Dentro e fora.
Nos olhos, nos espelhos, nos esquecimentos dos dias que vivi.
A complexidade do interior x exterior sempre postos a prova.
Limite entre corpos e cabeças que se esbarram.
Na calçada avistei aquele desconhecido,
me surpreendi com não sei o que,
até perceber que aquele era eu.
O desejo do desconhecido,
imaginação que não desmancha
revelando a solidão.

sábado, setembro 08, 2007

FERIADO NACIONAL


Feriado de trabalho, de rotina, de espaços, pessoas e sabores.
Feriado variado de espera inconstante.
Feriado de desencontros entre tantos...
Feriado de desculpas, de leituras contorcidas, de escolhas desconcertantes.
Feriado de despertador, das calçadas gastas do centro do Rio.
Feriado dos pedintes, das filas burocráticas, dos cursos e discursos.
Feriado para as pessoas emaranhadas nas amarras criadas por elas mesmas!
Feriado para o povo brasileiro que sofre até hoje consequências do passado colonizador escravocrata.
Viva o feriado nacional!!!

sexta-feira, agosto 31, 2007

Sem censura!

Eu e meu corpo. Em que instante me apossei desta carne?
Nascimento, crescimento, morte...
De que?
Para onde vamos quando não estamos nessa morada que desmorona a cada segundo?
Sustenta meu peso, minha alegria e minhas dores.
Pudores X prazer sem vergonha da carne - Tremula!!!!
Nunca me esqueço da cena do filme, do belo corpo feminino que entra na máquina dos prazeres e a cada movimento sente por todos os poros, todas as cores do orgasmo sem fim...
Todos deviamos ter uma banheira dessa em casa.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Existe algo a mais,
que é acrescentado...
a cada passo, a cada rua que percorro.
Meus pés são marcados por algum caminho perdido dos sonhos
que ainda não vivi.
Correr no céu e olhar para a terra.
Qual o prazer de flutuar entre suas pernas?
O sabor da carne que se esconde no véu?
Sensações veladas de um tempo
que escorre entre as mãos.

segunda-feira, junho 11, 2007

Cotidiano

Logo no inicio da leitura do livro “A ordem do discurso”, aula inaugural pronunciada em dezembro na década de 70 por Michel Foucault, comecei a repensar situações vividas ou percebidas no meu cotidiano. Na minha nova trajetória de trabalho, logo identifiquei sintomas ao ler “Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer circunstancia, que qualquer um, enfim, não pode falar de qualquer coisa”. Dando continuidade reflete sobre a relação que se estabelece do discurso com o poder, a política e a sexualidade. Bom, lembrei-me das reuniões pedagógicas e de todo o jogo de poder, hierarquia, tempo de fala pré-estabelecido, e toda a hipocrisia silenciada em cada um dos encontros “reflexivos”. Se não fosse por alguns só se falaria do que supostamente deu certo e de como todos assumem seus papeis como “seu mestre mandou”. Continuando a leitura Foucault parte para o principio da exclusão e pensa na oposição razão e loucura. Ele discursa sobre uma série de coisas que o “louco” não pode fazer e participar socialmente desde a Alta Idade Média, até que chega a um ponto de vista que me fez recordar de uma situação que presenciei semana passada no ponto de ônibus. Trecho de Foucault: “... em contrapartida, que se lhe atribua, por oposição a todas as outras, estranhos poderes, o de dizer uma verdade escondida, o de pronunciar o futuro, o de enxergar com toda a ingenuidade aquilo que a sabedoria dos outros não pode perceber. È curioso constatar que durante séculos na Europa a palavra do louco não era ouvida, ou então, se era ouvida era escutada como uma palavra de verdade”. A situação que observei foi a de um louco conversando com um casal supostamente normal, onde durante o diálogo que tentavam estabelecer o rapaz dava uma sacaneada indiscreta no louco e sua namoradinha sorria, até que o louco “surto” – será que posso dizer assim? – e começou a falar em alto e bom tom de seus desejos. Nesse momento a conversa que se tornou pública, pois o louco falava bem alto, dizendo que queria matar a própria mãe, mas não poderia, pois se o fizesse não teria onde morar, e logo depois olhando do pé a cabeça à namorada do rapaz, que a essa altura já estava se afastando do louco, ele disse que queria comer a namorada dele, e ficou repetindo várias vezes e rindo. Na postura de observadora percebi o espanto de todos que estavam no ponto, alguns se chateando, outros rindo, e eu pensando na condição do louco, de como era corajoso, de quantas pessoas já não sentiram desejos semelhantes e sempre negaram para si mesmo com uma culpa do tamanho do calendário cristão ou num sonho esquecido...

domingo, janeiro 14, 2007

Momentos de meditação
Natureza e homem não se distinguem
Respiração ritmada,
postura correta e
....PAZ....